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A música eletrónica da ganesa OY e o som de rua dos tanzanianos Jagwa ganham o 'Vis-à-Vis' de Zanzibar da Casa África

17/02/2014

Dois grupos africanos ainda desconhecidos em Espanha e representantes das novas correntes musicais do continente percorrerão no próximo mês de julho vários festivais espanhóis. A eletrónica de vanguarda da ganesa OY e o mchiriku de Jagwa Music, testemunho dos sons de rua de Dar es Salaam (Tanzânia), foram os vencedores da quinta edição do projeto Vis a Vis da Casa África, realizada este fim de semana na ilha de Zanzibar (Tanzânia) no âmbito do Festival Sauti Za Busara.

Um grupo de promotores e diretores de vários festivais, entre os quais se incluem certames como Etnosur (Alcalá La Real, Jaén), Pirineos Sur (Huesca) ou o Festival Internacional Canarias Jazz & Más, participou num festival apresentando cerca de trinta propostas africanas, a maioria delas de grupos da Tanzânia e África Oriental ainda desconhecidos no nosso país.

A decisão dos organizadores foi tomada por unanimidade ontem, domingo, no último dia do festival. O primeiro grupo escolhido foi o projeto OY liderado pela ganesa Joy Frempong (vocais, eletrónica) acompanhada pelo suíço Lleluja-Ha na bateria. OY surpreendeu os organizadores ao apresentar uma proposta eletrónica de vanguarda, cujo universo particular de sons é complementado com uma forte carga de histórias africanas, vozes e samplers criados em direto.

Originário da Tanzânia, o segundo grupo que viajará até Espanha no verão é Jagwa Music, a banda liderada pelo rapper tanzaniano Kazimoto, que incluiu nos novos sons de África o mchiriku, um estilo que combina o rap das histórias dos jovens nas ruas de Dar Es Salaam com o som intenso e repetitivo de um pequeno órgão Casio e o ritmo techno de vários jovens que tocam tambores artesanais, feitos com velhas latas de tinta. Segundo os promotores destacados para Zanzibar, a proposta de Jagwa permitirá descobrir a música feita pelos jovens que vivem nas ruas da Tanzânia com mensagens de forte cariz social e um som que os especialistas qualificam de “techno artesanal”.

Duas propostas de sons eletrónicos completamente diferentes uma da outra que, de acordo com os organizadores, permitem apresentar novas músicas de África, longe do estereótipo habitual e símbolo da inquietação dos jovens para encontrar, de maneiras completamente opostas, novas formas de expressão.

A quinta edição do Vis a Vis foi realizada com a colaboração do Festival Sauti Za Busara e da Embaixada de Espanha na Tanzânia, tendo obtido um grande eco mediático em toda a África Oriental.

Projeto do Nilo
Além da escolha dos dois vencedores do Festival, os organizadores dos três festivais (Etnosur, Pirineos Sur e Canarias Jazz&Más) decidiram comprometer-se a integrar na sua edição de 2015 e de modo abrangente (projeto musical, exposições e workshops) o The Nile Project, um projeto que reúne músicos de 11 países da bacia do Nilo, na África Oriental, e que foi considerado por unanimidade o melhor dos concertos do Sauti Za Busara.

A proposta é uma imagem perfeita da diversidade, mas ao mesmo tempo raiz comum dos países da África Oriental espalhados ao redor da bacia do Nilo e seus afluentes. Uma forte mensagem pan-africana transmitida através da música, reforçada com um vasto trabalho educativo e sociocultural, e que tem tido um forte impacto nos países da região.