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Objetivo África premeia trabalhos sobre o uso eficiente dos recursos e o valor da comunidade no desenvolvimento social e económico

20/12/2012

Duas fotografias tiradas na Tanzânia, ainda que com mensagens muito diferentes, e uma tirada na cidade de Djenné (Mali) foram as vencedoras do III Concurso Fotográfico Objetivo África, organizado pela Casa África. Nesta terceira edição, o tema tinha como título África Verde e procurava fotografias que mostrassem aspetos positivos do continente africano relacionados com o meio ambiente, as energias renováveis e o desenvolvimento sustentável.

A Casa África, para esta ocasião, contou com júri composto por três profissionais da fotografia e da arte: Cristina R. Court, responsável do Laboratório de Investigação do Centro Atlântico de Arte Moderna; Raquel Zenker, fotógrafa, e Pilar Rodiles, artista plástica.

A iluminar o futuro é o título da fotografia vencedora do primeiro prémio. Tirada na histórica cidade malinense de Djenné, mostra um dos muitos lugares “onde a produção de energia é tão difícil, que a eletricidade é como um milagre que começa a chegar e que se tem de cuidar como qualquer recurso escasso, fazendo um uso eficiente e prudente, evitando o desperdício levado a cabo por outras sociedades”, descreve o seu autor, Alfonso Elvira. Segundo Cristina R. Court, a fotografia tem uma leitura muito democrática ao transmitir imediatamente o respeito do protagonista pelos seus recursos.  Raquel Zenker elogiou a sofisticação técnica da instantânea assim como o seu otimismo.

O segundo prémio foi para a O Moinho, de Tomás Correa, protagonizada por uma jovem dentro de um moinho de uso comunitário nas montanhas Usambara, no nordeste da Tanzânia. O júri, por unanimidade, valorizou o elevado número de significados que a fotografia oferece, repleta de símbolos, e que ajuda o espetador a pensar em questões de género, sustentabilidade, trabalho comunitário e desenvolvimento social. “É uma pessoa anónima que representa toda a sua comunidade”, assinalou, por sua vez, Raquel Zenker.

A capital da Tanzânia, Arusha, foi o local em que foi tirada a fotografia vencedora do terceiro prémio. Um exército pronto para rodar, de Guillermo Marrero de la Nuez, mostra-nos um “expositor de sandálias oriundas da reciclagem de pneus usados”, tal como indicou o autor na sua participação. Cristina R. Court destacou a qualidade gráfica e concetual: “oferece-nos uma imagem da ordem positiva e uma originalidade especiais”. Os tons e a perspetiva foram também valorizados por Pilar Rodiles e Raquel Zenker.

A Casa África e o júri decidiram conceder uma menção especial a A água é vida, tirada nos Camarões e protagonizada por um pigmeu Baka. O autor, Quim Fábregas, atravessou um rio com eles para chegar ao local onde tirou a fotografia. Segundo o autor, os seus companheiros de viagem utilizam pequenos troncos da selva para limparem os olhos “substituindo o famoso colírio que se compra nas farmácias”. Pilar Rodiles destacou o bom trabalho contido nesta fotografia e a mensagem de respeito e valor dos costumes das culturas ancestrais.

A terceira edição do Concurso Fotográfico Objetivo África inclui um primeiro prémio de 600 euros. O segundo e terceiro prémios serão galardoados com um prémio de consolação de 200 euros cada. Quim Fábregas, autor de A água é vida, irá receber como prémio um pack de catálogos sobre a arte africana contemporânea.